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1995

Desconfio
que de vez em quando
é necessário
pertencer a este vazio...
Aos tons mais agudos do piano
À melancolia da noite fria
Ao silêncio
À fantasia

Acho que sou sim cristã
em demasia.

Sem cruz na parede
Mas com cultivo de alguma
resignação.
algumas lágrimas
alguns segredos
Todos muito solenes
Todos muito pátrios
Todos muito presentes
e alguma lembrança, sim
das paredes.

Às vezes eu preciso me lavar por inteiro
As vezes preciso chorar feito mãe quando recebe a notícia do filho...

Eu, desenharia tudo de novo.
A escola, as crianças, os livros
Eu viveria como vivi
Tenho muitas memórias que já esqueci.
Mas eu tenho tudo muito guardado.
Num baú
Num espelho
Num aconchego.
O velho espaço minúsculo no quarto
O amor tão maiúsculo, tão vasto
As palavras ralé
Porque jamais
As palavras não dizem
As palavras viram poeira
Não há palavra!
Não saberiam girar como bailarina
Não saberiam deslizar a tinta no quadro
Não saberiam se aplicar ao que se sente
Nu e crú.
Ao amor
À perda
Às lembranças
À infância
Ao amor.

(Raquel Amarante)



Algum piano pra acompanhar:




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