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Mostrando postagens de 2011

A quarta trombeta apocalíptica: o que revelam as reticências

Insisto nas reticências. São a porta do inconsciente... O primeiro ponto diz Fim (É a barra de recalque) O segundo ponto diz depois de um ponto um novo conto uma insistência. Repetição de fins... No terceiro ponto ressuscito a intenção da libido morta. Me achego ao inominável e paro, atônita. Não sei o que dizer Não sei nem o que sei Mas continuo reticentiando... Como quem não se retém na significância das palavras. Porque quer expressar a dor e deleite todo. Porque quer esgotar o incômodo de finalizar-se num ponto. Para além da palavra, as reticências... Ocultando e revelando a essência do indizível. O silêncio destes três pontinhos é o essencial do meu texto-vida. Perscrutando este dizer misterioso minha existência em palavra se fará entendida. (Raquel Amarante) Oléo sobre tela: A luz vem da escuridão ( Ubirajara Rodrigues - Clique em seu nome e conheça seu trabalho)

Mulher

Ser o que não se pode ser avessa ao existir qual buraco que engole os passos qual vácuo, fissura que não cabe em si. Coser uma torneira no corpo só pra desaguar um poder frouxo, fingir um pouco de prazer com o outro só pra sustentar um lugar de sentir. A onipresença do falo conjugou ao corpo não fálico um lugar de anti-verbo e a palavra mulher fez-se vento como o próprio pensamento expatriado não conseguiu compor-se em corpo. O poder despojado do corpo fez nascer fluidez visceral e inquietante nos seios, vestidos e sentimentos e a mulher fez-se dançante, errante... no bravio mar de inconstância num amar tempestuoso... E toda falta de essência conduz-lhe a dançar qualquer música que se encarregue de tanger um molde de existência. Redundante é o vazio do ventre completude é o germinar do feto é o aceitar a falta é o afaga a dor do parto o partir do epitélio. Mas há seres oblíquos que abstêm-se de crias de faltas, de nexo... Longínquos desgostos...

Citando Henriqueta Lisboa

Modelagem / Mulher Assim foi modelado o objeto: para subserviência. Tem olhos de ver e apenas entrevê. Não vai longe seu pensamento cortado ao meio pela ferrugem das tesouras. É um mito sem asas, condicionado às fainas da lareira Seria uma cântaro de barro afeito a movimentos incipientes sob tutela. Ergue a cabeça por instantes e logo esmorece por força de séculos pendentes. Ao remover entulhos leva espinhos na carne. Será talvez escasso um milênio para que de justiça tenha vida integral. Pois o modelo deve ser indefectível segundo as leis da própria modelagem.   Extraído de Pousada do Ser (1982)    TELA: SUBMISSÃO  - MIZA PINTOR (CLIQUE AQUI)

Ensaio poético sobre a Liberdade na visão Fenomenológica

O fenômeno liberdade disse pra sua essência: _ Eu não existo sem você! A essência coerente em ser abandonou o fenômeno, deixou-o desolado e sem entender. Desde então, a Liberdade é um fenômeno, sem sua essência de Liberdade. Pois essa não pode prender-se, sequer, a si mesma. A essência da liberdade está sempre fora dela. E a liberdade sempre vai carecer da liberdade em essência... (Raquel Amarante) P.S: Trata-se da minha visão fenomenológica sobre a liberdade.

Aliança

Eu sou uma criança banhada a ouro deixa eu ficar no seu dedo para sempre. Tira esse ferrolho do peito e aceita. Aceita lacrar nossas vidas no inviolável pacote do destino. Aceita calado feito menino mudo. E acata a expressão de alegria que deve estar aí em algum lugar do teu peito. (Raquel Amarante)

Liquidez nº 2

_ Mas que prestativo! _ Mas é só com você. _ Oras, mas por quê? _ Porque eu te amo!           (...)  Olhar de estranhamento. _ Hã? _ Namora comigo? _ Você é louco! Eu nem te conheço!!! _ Uá... É pra isso que serve um namoro... _ Não, obrigada! _Peraí, onde você vai com minhas compras? _ Vem aqui pegar. Foi bem aqui que eu lhe ofereci ajuda, né. Tá aqui então, no chão! _ Seu louco! Achei que era prestativo, mas... É um bruto! _ É que eu não te amo mais! (Raquel Amarante) Acessem o primeiro diálogo *Liquidez : Liquidez?

Carta não enviada nº 16 - Até mais

Ian, Como mitigar a dor de perder um amigo? Ter que abraçar as lembranças e aceitar o não mais... Onde é que você sorri agora? Como é difícil aceitar que você foi embora... Como é difícil aceitar que há espaços neste lugar que você preenchia... E de repente...  Nossas mãos não mais se tocam. Nosso olhar não mais se encontra. Você não me enche mais o saco... Há agora o vazio do seu silêncio... Seus dedos não mexem mais... Nenhuma palavra mais vai sair da sua boca espontaneamente... Você estava aqui antes de ontem... Você estava vivo! Eu não acredito em tudo isso... As pessoas ficam tentando achar as profecias...  Os rastros... E eu fico tentando achar você... Pra me tirar deste sonho malquisto, me dar as mãos e acordar comigo e me dizer: “Você é uma inocente! Não sabe nada da vida... Eu tenho que te ensinar tudo!” Por que você tem que me ensinar tudo? Por quê? Lembro-me do nosso pacto... “sou papel e você ventania...” Sou papel. Vo

Carta não enviada nº 15 – Detentos em celas separadas

Jeferson, O que lhe fez chegar a este estado de vida? Ando a procura de responsáveis... A mesma sala, mesmas carteiras, mesmas parábolas ouvidas... Não se sensibilizou?  “Menino! Atrevido!” Onde foi que você nasceu? Quem são seus pais? Quem é você? Hoje só lhe vejo na TV! Televisionado. Como se isso fosse de grande valor... Mas, de que valores falo? Chega de articular, deixa eu te ouvir, ser inaudível... E sua voz não sai... Protesto? Escolha? Em que lugar te colocaram que você ficou? Ou em que lugar me colocaram que eu não saí de lá? Vamos voltar a ser crianças e começar tudo de novo e procurar nosso lugar... Stella Saiba mais sobre esta e as outras cartas: Sobre as "Cartas não enviadas"

Sobre a morte

O sol se põe sobre o corpo ainda vivo O sol homenageia o sangue vermelho que no asfalto corre. O sol é partícula de luz sobre a "escuridão" de quem morre. O sol se despede e a noite surge sem alívio. O sol já não existe O sol nasce tão triste O sol agora é só. (Raquel Amarante)

A mulher que não exprimia

à Ignácio de Loyola Brandão Ela espremia com suas mãos, seu jeito materno, todas as laranjas que via... Passava o dia inteiro espremendo... Foi quando um dia, não tinha mais laranjas em sua casa para espremer e então viu-se espremendo suas próprias mãos. Seu marido, quando chegou do trabalho, não acreditou no que viu. Como pode, mulher burra! Esbravejou. Como pode espremer suas próprias mãos!!! Calada, consentiu a perturbação do marido, afinal, ele estava mais do que certo. No dia seguinte, a mulher de dedos machucados deu sua última espremida. Nada disse, apenas espremeu-se toda, virou suco. Seu marido ao chegar do trabalho notou sua falta e estranhou... Ao ver o suco sobre a mesa, levou-lhe à garganta e bebeu sedento. Levado pelo descontentamento, não hesitou em dizer: Some e ainda faz um suco ruim desses! (Raquel Amarante) Conheça ou relembre de uma postagem irmã dessa (clique aqui >>):  O homem que bebia cianureto Imagem extraída das fotos do *Grupo de Ninguém, clique

“Agora é que são ELAS”

Acompanhe a poesia com esta canção:   Shania Twain - Man, I feel like woman                     à Regina Navarro Não me dê amor estou farta desta convenção. Dê-me tudo que termina em ÃO Paixão Contração e dilatação Tesão Coração não! Não me venha com órgãos sem vértices... Não me vista Dispa Não me toque Frema Mas, não me provoque um edema. Desamarre seus preconceitos Interprete meus cheiros Enterneça sua resistência                                              por um instante.] Enrijeça seu tônus e levante a bandeira                                       deixai que ela seja a conquista] Não deixe pistas Deixe só o corpo... Depois vá todo Logo! Sem nunca ter estado Sem vanglória, sem vitória Sem o lodo do seu medo Sem amor nenhum Sem pronome de posse Sem olho no olho Sem beijos de despedida Vá feliz, Vá! Vá procurar a imperatriz que vai reinar em sua vida A garota da sua história... A que vai ser a mãe dos seus filhos. (Raquel Amarante) P.S:  Aos que pensaram ser o “eu lírico” de

Cárcere confessional

Não prenda minha poesia no meu corpo, meu corpo não dá conta dos desejos da minha poesia. Haikai : Universal Não me entenda como confessional Fora de mim há mundo também. (Raquel Amarante)  

Despir

Você e o vento têm o mesmo desejo levantar meu vestido. (Raquel Amarante)

Liquidez?

                                                                     à Bauman e  Sérgio Sant'Anna    É tarde de mais... Mas senhorita Scott? Não pode entrar rapazinho! Mas eu paguei, está aqui meu bilhete! Não pode entrar, está atrasado meia hora. Senhorita Scott, só desta vez, eu prometo que não acontecerá novamente. Não é assim que as coisa funcionam aqui. Por favor senhora Scott! Eu preciso muito! Tudo bem. Mas só desta vez. Trouxe a camisinha? Sim. Ponha e entre. (Raquel Amarante)   Tela de João Alves -  A minha prostituta

Dumb (Mudo)

You’re a dumb, stupid. Why can’t you like me? Why do you just desire my body? I need your heart. I need be loved by anyone who gives me caresses and say beautiful words, and not a person who wants touch me and kiss me without love. You’re a scoundrel but I don’t forget you. Shit! ***by Natasha Mudo Você é um   burro , estúpido. Por que você não pode   gostar de mim? Por que você   apenas   deseja o meu   corpo? Eu preciso do seu   coração. Eu preciso   ser amada por   alguém que   me dê carinho   e que diga   palavras bonitas , e não por uma pessoa que quer   me tocar e   me beijar   sem amor. Você é um   canalha , mas   não me esqueço   de você. Merda! ***por   Natasha Clique aqui para saber mais sobre esta postagem...

Textos e poesias em Inglês

Tenho a felicidade de trazer um novo tipo de postagens para o blog... Textos em inglês de uma amiga querida: Natasha* (pseudônimo).    Femininos e pujantes, seus escritos revelam os sentimentos “ao sabor do corpo” e “à flor da pele”... Ao nível do aMar, esses nos fazem retornar ao estado plácido de encantamento de outrora, às nossas memórias... Mas também, às indesejadas decepções... Chamo-os de femininos, por voz de “eu - lírico”, mas tais escritos enunciam o sentir... E o sentir não se distingue por identificações de gênero... Que os caros leitores do blog façam uma boa degustação de tais textos. Beijo poético. Raquel Amarante

Citando Mara Medeiros - "Marrom 4.3"

Leia esta poesia ouvindo:   Creep - Karen Souza Da última vez eram 43... Não sei dizer se passaram dias, meses ou anos... Parei de contar. Parei de calcular. Parei de especular. Começo a examinar. Levo pro chuveiro, apertada ao peito, a sacola de planos. Ou seriam sonhos? Medonhos? Tristonhos? Risonhos? Agora enfadonhos! No fundo, bem no fundo, há um girassol amarelo. Era pra ser rosa! Era pra ser bossa! Era pra ser fossa! Era pra ser joça! Era pra ser troça! Era pra ser prosa! A velha sacola se desmancha, pano podre, Esvai-se entre meus dedos: Desfaz-se um sonho inteiro... Despencam os ponteiros... Agora é pesadelo: A tinta pra cabelo, O ralo, o chuveiro! Olho atordoada para o rio em tom castanho 4.3. Arrasta os fragmentos Da sacola, dos lamentos, E também dos tais momentos... Pois que sim, houve momentos, Uns de contentamentos, Mais de constrangimentos. Eu crio cegamente no mundo cartesiano. Ilusão de ótica! Ilusão de ética! Ilusão caótica! Ilusão patética! Ilusão compartiment

Amor de passarinho

Deixa eu fazer meu ninho em suas asas. (Raquel Amarante) :) Ouçam a música abaixo: Nara Leão - Fiz a cama na varanda - Prenda Minha

O que é o amor?

O amor é um verso preso na garganta.  Se não sai, angustia. Se sai, ou espanta ou encanta ou poesia. (Raquel Amarante) Video: Falando de amor -  Miucha e Tom

Haikai de amor posto à prova

O amor não remi seus pecados. Não reme venha a nado. (Raquel Amarante)

Citando ELISA LUCINDA - "Quanto Mais Vela Mais Acesa"

Um dia quando eu não menstruar mais vou ter saudade desse bicho sangrador mensal que inda sou que mata os homens de mistério Vou ter saudade desse lindo aparente impropério desse império de gerações absorvidas Desse desperdício de vidas que me escorre agora mês de maio. Ensaio: Nesse dia vou querer a vida com pressa menos intervalo entre uma frase e outra menos respiração entre um fato e outro menos intervalos entre um impulso e outro menos lacunas entre a ação e sua causa e se Deus não entender, rezarei: Menos pausa, meu Deus menos pausa.   ELISA LUCINDA

Que arte é esta?

Atesto. Arte é testa na parede. Arte testa a parede. Parede testa arte. Parede quebra testa. Testa derrama tinta na parede. Misturam-se arte e testa. Surge o Artesta do sangue sereno que jorra na parede. Mas, que arte mais dolorida é esta? Doar-te... (Raquel Amarante)

Comunismo verdadeiro

De que adianta ostentar os túmulos se uma mesma terra cobre os corpos. Só há diferenças entre os vivos. Só há comunismo entre os mortos. (Raquel Amarante)

Feminino de amor

Perguntei a um professor: _ E o feminino de amor? E ele disse tão sabiamente: Amor já é feminino...   (Raquel Amarante)

Carta não enviada nº 14 – Excerto do meu primeiro romance

Caro amigo Ernest , Há um conluio entre os meus personagens, não sei o que fazer... Acho que não deveria mais criar... Não tenho o mesmo gozo. Eles eram meus amigos, sabe... Os mais íntimos! Esforcei-me  para abdicar do meu direito sobre eles. Anseio por uma liberdade sem igual, dei a eles este meu sentimento, não era para estes se revoltarem! Entendo-os, a revolta é um indício da não passividade frente a liberdade, entretanto, hoje chego a uma tangível conclusão: Não basta dar liberdade depois de ter criado, eles querem ser livres-intocados. Apetecem a auto-criação, sofrem por não tê-la. Sofrem por temor à morte... Acho que a auto-criação lhes daria um sabor maior de controle, sabor este que nós deuses-escritores sabemos não ser possível. Eles,  amigo Ernest, querem  tocar na criação para experimentar a eternidade... No fim, o grande problema deles é com o avantesma da morte, esta, que sempre lhes aprisionará do dissabor do príncipe da incerteza, o tempo. Homero * *

Escurice Lispector

Se a palavra sangra o verso. É feminina! Vai homem abraçar seu protesto, que a mulher escreve mesmo é com a vagina. Escreve oh mulher no ápice da sinapse epiléptica. Escreve para além da forma estética. Escreve para além de qualquer forma... Na imensidão da quarta dimensão, diverge em nós, converge em nós, cega-nos! Tal clareia convidativa da fala hermética acende em nós, doce e poética escuridão do caminho que também é perder-se. Jazem poetinhas tolos. Jazem bárbaros e mouros. Ela, último espetáculo. Último crepúsculo. Da vírgula audaz. Do lirismo intacto. Da febre tão voraz de alma, de corpo, do existir para além dos dois. Sob sua palavra absorta, exorto: “Ou toca ou não toca” Mas se tocar, é morte em sentença apoplexia em aorta. Pois não se vive tamanho arroubo em vida medíocre. II Cai a noite escura Sobe estrela pura agora é a sua  hora. (Raquel Amarante) “Se eu tivesse mais alma pra dar eu daria , isso pra mim é viver ...”  (Linha do Equador - Comp.: Djavan e C

Sede

                                                                         à Viktor Frankl De vazio em vazio se enche o copo de nada. (Raquel Amarante)

Sabor de vinho

Minha alma é em verso, meu verso é em prosa, minha flor é a rosa, minha rosa é o espinho, meu espinho é o amor... Sabor de vinho. (Raquel Amarante)

Ensaio sobre a Loucura

A loucura é um caminhar no escuro, e quem caminha no escuro perde a luz que clareia os olhos, mas não perde a visão. Pior que perder a visão, é tê-la em abundância no escuro, instaura-se o mal-estar de enxergar o que não se quer ver, a cor da onipresente ausência. Antes fechar os olhos de súbito e refugiar-se na clareira imaginária de dentro, ou mesmo, entrever o pensamento de um escuro mais ameno, mais familiar, o escuro recôndito de todo ser.   O escuro de fora é aturdido, rechaçado, totalmente isento de luz. É este o escuro pai imaginário do medo infantil. É este o escuro tido por descaminho, malquisto pelos “cavaleiros da luz”. É este escuro o lugar da procura, do tatear paredes em busca do apagador que acenda o sentido, tão mais desejado que a vida! Quem anda no escuro sabe mais do que nunca que não se vai adiante no fundo negro sem fantasiar o caminho, sem precisar de apoios, sem “trombar” nos móveis e monstros. Vencidos os primeiros estranhamentos do escuro, refratário de cápsu